sábado, 28 de janeiro de 2017

FALANDO SOBRE A PAZ COM AS CRIANÇAS - Dia 03

Estamos de férias e neste dia, resolvemos aproveitar a tarde na biblioteca do bairro que, inclusive, fica em frente a um parque ecológico e tem um parquinho bem gostoso ao lado.
Aqui em Maringá, no Paraná, as bibliotecas municipais são bem cuidadas e oferecem além de livros, revistas, filmes para ler no local ou emprestar, jogos, desenhos para colorir e oficinas variadas.
Neste dia, participamos de uma oficina de marcadores de página e rolou um sorteio de ingressos pro cinema que não ganhamos, kkkkk! O mais legal é que o tema da biblioteca neste mês é... A Paz!
Com um dia tão agitado, optei por ler para elas em casa, uma parte de um livro de uma trilogia que gosto muito: Se ligue em você do Tio Gaspa (Psicólogo Luiz Antônio Gasparetto) que fala sobre uma luzinha invisível que carregamos no peito e se acende e se apaga de acordo com nossos sentimentos. Gosto também, porque ele nomeia vários sentimentos e dá exemplos, numa linguagem acessível para a criança.


Conversamos sobre o livro e antes de fazermos uma meditação dirigida que eu havia separado, resolvi fazer uma demonstração de como a nossa mente fica quando estamos muito agitados ou desequilibrados. Peguei um copo com água limpa pra simbolizar a mente e coloquei uma colher de terra e mexi, pra representar os sentimentos ruins. Deixei decantando e embora elas já costumem meditar de vez em quando (Laurinha desde pequena, Helena com muito sacrifício, kkkk) falei sobre como a meditação ou mesmo um simples exercício de respiração, pode nos ajudar a nos acalmar e equilibrar.



Após a meditação, que Helena não topou fazer (kkkkk) mostrei o copo com água, agora com a sujeira decantada no fundo e disse que era assim que ficava nossa mente quando respirávamos fundo e nos acalmávamos, clara novamente (É claro que eu mesma preciso guardar essa imagem, pra quando ficar nervosa! kkkk) Elas ficaram fascinadas!!!
A meditação dirigida que usamos foi esta:



Gostei da analogia da respiração com bolinhas de sabão, só achei chatinha a primeira música das bolinhas de sabão! kkkkk!
No final do dia, rolou uma sessão pipoca :) assistimos ao filme Divetida Mente (2015), da Disney. Eu amo este filme, pois ele fala sobre a mente, produção de memórias, depressão e melancolia e a importância de todos os sentimentos na construção da personalidade, até os ruins.





quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

FALANDO SOBRE PAZ COM AS CRIANÇAS - Dia 02

Quando falamos de Paz, a primeira coisa que vem a cabeça é... guerra, certo? Porém, optei por não tratar a coisa neste viés e sim, da perspectiva de um texto de Monja Coen que eu amo: Se a paz não começar em mim, não começará.
Para um mundo pacífico, precisamos de indivíduos pacíficos e para termos adultos pacíficos, é preciso que as crianças aprendam a conhecer seus limites emocionais e a buscar a Paz dentro de si.
Neste dia, convidei-as para conversarmos sobre a Paz, o que ela significa pra cada um e quais sentimentos e situações que nos tiram a Paz aqui em casa e quais nos trazem Paz. Falei um pouco de mim e as ouvi também.
Pedi pra Laurinha escrever sentimentos e situações correspondentes que nos tiram a Paz e pintar cada sentimento de uma cor. Com Helena, pintamos e colamos desenhos de coisas e situações que tiram a Paz.


Minha maior dificuldade é conciliar o tempo de interesse entre uma criança de 8 anos que gosta de conversar e se aprofundar vagarosamente nas questões e outra de 3 que vive na velocidade da luz! kkkk!
Depois, colamos figuras sobre coisas que nos trazem Paz.  Apareceram, banho de mangueira, passar tempo com avós, curtir a natureza, brincar, fazer uma prece e buscar apoio de um adulto nos momentos de stress.



A parte que Helena mais curtiu foi manusear a cola sozinha :) Colar a deixou bem relaxada, mesmo de início havendo rolado uma disputa na escolha de figuras, kkkkkk!!!
Eu adorei ouvi-las e foi muito bom falar sobre as coisas que me estressam, afinal a mamãe também é gente e tem sentimentos nem sempre bons, mas bastante humanos ;)

FALANDO SOBRE A PAZ COM AS CRIANÇAS - Dia 01

O primeiro tema que escolhi para realizar atividades com as crianças, foi a PAZ. Como disse no post anterior, me inspirei nesta mãe Montessori aqui Gisele Cirolini , pois adorei a idéia de ao invés de ficar pensando, o que vamos fazer de legal com as crianças, já ter separado temas previamente.
A proposta é um tema por semana, o ano todo. Como comecei atrasada, estou abordando 2 ou 3 temas por semana, até acertar o passo. Também não precisa fazer todo dia, até porque nem sempre temos tempo e existem outras brincadeiras e coisas de adultos pra fazer.


Para começar a tratar deste tema neste ano, pois é algo sobre o qual já conversamos sempre, criei para elas no quarto de brincar (ex-quarto montessoriano da Heleninha, onde ela nunca dormiu, pois fizemos cama compartilhada e depois que desmamou preferiu dormir no quarto da irmã) um Cantinho da Paz (leia mais sobre isso aqui). Laurinha já havia tido um cantinho destes numa das prateleiras da estante na sala, quando era pequena, mas depois que Helena começou a andar, não consegui manter... kkkkk!
Coloquei em uma mesinha no canto, algumas coisas que elas podem usar para se acalmar ou apenas relaxar. Essa Nossa Senhora Aparecida de feltro, eu quem confeccionei a pedido da Laurinha quando ela era pequena. Coloquei também esta foto da nossa família, que Heleninha adora abraçar, estas flores amarelas alegres que elas gostam, estas pedras e cristais que elas adoram manusear e este jardim japonês que é muito relaxante arrumar.


Ao lado desta mesa, elas tem um cantinho da leitura com colchonete, livros de papel e de feltro e acima, numa prateleira, jogos de calma e concentração, como quebra-cabeças, memória e pega-varetas. Também deixei a disposição um pendrive e fones com meditação dirigida para crianças e musicas relaxantes.
(Meu maior desafio com este quarto é fazer com que elas o mantenham sem caos! kkkk)
Este virou o cantinho de resolução de conflitos, ataques de fúria (kkkk) que são frequentes quando se tem uma pequena que ainda não superou o terrible two. Eu mesma, vou pra lá quando estou prestes a explodir (kkkk).
Acredito que não há como criar crianças pacíficas e formar adultos para um mundo mais pacífico, se você usa a violência para "educar". Usar o diálogo e oferecer soluções pacíficas, buscar estratégias de não violência, como o tapetinho da Paz ao invés de um cantinho da Disciplina (leia mais sobre isso aqui) para nós aqui em casa, é o método mais eficaz para ensinar a PAZ.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

52 SEMANAS DE DIVERSÃO E APRENDIZADO EM CASA.

Sabe, eu não sou uma mãe montessoriana. Digo isso, porque não sigo o método em casa a risca, mas sou apaixonada por Montessori desde a época em que fazia Magistério e já usei muitas das coisas e atividades que aprendi em um grupo no facebook, chamado Montessori para famílias.
Este ano, me chamou a atenção a postagem de uma mãe, a Gisele Cirolini do site Sou Mãe, que planejou para o ano novo, 52 temas, um para cada semana para trabalhar em casa com a filhinha. Como o ano está começando, bora lá acompanhar!


Sempre queremos fazer coisas legais com as crianças, quando estamos em casa, gostamos de brincar, pintar, fazer teatro, passear nos parques da minha linda cidade, aproveitar o tempo com qualidade, mas sabe como é criança, né? Às vezes as idéias pra diversão acabam antes da energia deles e haja criatividade e tempo pra se organizar! kkkkk!!!


Adaptei os temas dela aos valores e realidade da minha família que tem 2 crianças em idades bem diferentes pra interagir: 8 e 3 anos e de forma bem modesta e tranquila, começamos nosso cronograma com atraso (mas sempre é tempo! kkkk) nesta segunda.
Para o mês de Janeiro, escolhi os temas: 1. Paz 2. Família 3. Amizade 4. Solidariedade.
Desenvolvi atividades bem simples e com coisas que as meninas curtem.
Te convido a acompanhar! Prometo que vou ser realista e postar o que não deu certo também (pensa que é só aí na sua casa que rola um lance do tipo: Expectativa x Realidade?) e se te despertar alguma boa idéia pra fazer com seus filhotes em casa, fico feliz!

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

10 Coisas que OS HOMENS ouvem quando saem pra passear com o bebê no Sling
(Compare com o post anterior)



1ª Ai, que fofo! (não se sabe muito bem referindo-se a quem)
2ª Nossa, deve ser um paizão!
3ª Boiola...
4ª Seu companheiro não veio? (Que na verdade e a mesma que a anterior, pagando de moderno)
5ª Você é viúvo/separado/pai solteiro/cadê a mãe dessa criança, pelamooor! (Homens sozinhos com bebês, pode ser algo extremamente perigoso, né?)
6ª Coitaaado! (Referindo-se ao pai mesmo)
7ª kkkkkk (risada masculina) Se f..., mano!
8ª Essas mulheres de hoje em dia, nem pra cuidar dos filhos servem, né? (Aquela tia velha palpiteira, que vc sempre encontra, a mesma que sempre pergunta se a criança não tá com frio, mesmo que esteja fazendo 35º)
9ª Olha aí! Vê se aprende, Alfredo! (cutucando o marido/companheiro)
10ª Não cai? (Pensaram que ia faltar essa, né?)

sábado, 20 de setembro de 2014

10 COISAS QUE JÁ OUVI SAINDO PRA PASSEAR COM O BEBÊ NO SLING 
(E tudo o que queria ter dito)

*Todas essas frases são verídicas, mas nem sempre a pessoa fala diretamente pra mim, às vezes comenta com alguém ao lado)


1ª (A campeoníssima!) O bebê não vai cair?
Resposta que eu queria dar: cai, mas levanta rapidinho!
2ª Não tá machucando/apertando/prendendo o sangue/sufocando?
Resposta que eu queria dar: Claro que sim, tá tão judiado que até dormiu, veja só!
3ª Que dó! Coitadinho!
Resposta que eu queria dar: É, eu sou mesmo uma mãe muito má! Carrego meu bebê juntinho a mim, balançando gostosinho, como se ainda estivesse no útero, é muita tortura!
4ª Deve ser hippie!
Resposta que eu queria dar: Paz e Amor, bicho! 'Bora pra comunidade!
5ª Você é descendente de indio?
Resposta que eu queria dar: Eu sou! Por que, vc não? Ah, já sei, é estrangeira...
6ª No meu tempo não tinha essas frescuras...
Resposta que eu queria dar: No seu tempo, minha senhora, a mortalidade infantil também era de 121/1000...
7ª Onde arranjo um pano desses?
Nestes casos, fico feliz pelo interesse e explico que não pode ser um pano qualquer, amarrado de qualquer jeito e indico locais/pessoas que vendem e orientam o uso.
8ª Você não tem carrinho de bebê?
Resposta que eu queria dar: Sabe como é, sou tão pobre que tenho que carregar o bebê nestes trapinhos.
9ª Meu Deus! Sem as mãos!
Acho essa muito engraçada! kkkkkk!
10ª (Essa foi dita na minha cara, por um senhor na fila preferencial) Nossa bebê, sua mãe é tão preguiçosa que nem carregar você no colo ela quer?
Sem comentários.

Chamem o Conselho Tutelaaaaaar!

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A criança e o vínculo afetivo

(Revista Rosi Ortega - Dezembro 2012 - Edição 06 - pg. 10)


Muitos pais perguntam como poderiam prevenir futuros problemas psicológicos, será que existiria algo que poderia proteger seus filhos? Na verdade existe: trata-se do chamado Vínculo Afetivo. O vínculo pode ser definido como uma estreita ligação emocional entre dois seres, onde pelo menos uma das partes depende da outra e não pode ficar sem ela, sem que haja algum prejuízo ou sofrimento. É o tipo de relação que encontramos entre pais e filhos.
No nosso mundo moderno e competitivo, temos pouco tempo para dedicar às crianças e nos esforçamos para que se tornem independentes cada vez mais cedo. Porém, é a qualidade do vínculo afetivo que proporcionará segurança e maturidade suficiente para que a criança tenha coragem para se colocar no mundo, sempre respeitando seu próprio tempo. Elogiar, acreditar, pegar no colo, abraçar, beijar, tocar, são atitudes que reforçam o vínculo entre pais e filhos e faz com que a criança sinta-se aceita, amada e segura. O bebê pequeno descobre o mundo e a si mesmo através da mãe, do seio que alimenta, da mão que acaricia, que cuida, que toca e conforta. É baseado nesta mágica ligação, que muitas vezes precisa sequer de palavras, que o bebê vai se aventurar nos primeiros passos pelo chão e posteriormente pela vida afora. Ele vai, porque sabe que tem uma base segura, assim como acredita na mãe, aprende a acreditar em si mesmo e na sua capacidade de superar-se, de ir além.
Massagear o bebê, é uma forma maravilhosa e simples de estreitar o vínculo afetivo, por ser um delicioso momento só mãe ou pai e filho, para conhecerem-se olhando nos olhos, além de palavras. Tê-lo no colo, tão próximo, fará com que ele sinta o calor do corpo daquele que o cuida, sinta seu cheiro e ouça sua voz, sentindo-se seguro e acolhido não só pelos pais, mas pelo mundo.
Uma boa dica para os pais que querem estreitar o vínculo afetivo é conhecer técnicas de massagem para bebês como a Shantala, por exemplo. A Shantala é de origem indiana, ainda pouco praticada no Brasil, e há milênios vem aproximando pais e filhos. Além do estreitamento do vínculo afetivo, traz outros inúmeros benefícios como:
  • Diminuição do estresse de ambos;
  • Mais segurança emocional para mãe e a criança;
  • Maior facilidade no desenvolvimento social da criança;
  • Desenvolvimento da coordenação motora, visual e consciência corporal do bebê;
  • Diminuição ou desaparecimento de cólicas;
  • Prevenção de problemas respiratórios e aumento da imunidade;
  • Aumento de tonus muscular;
  • Melhor apetite e funcionamento dos intestinos;
  • Melhor qualidade do sono;
  • Melhor desenvolvimento de prematuros;
  • Melhor desenvolvimento de crianças com deficiências;
  • Diminuição de possibilidade de violência contra a criança, entre outros.
Não se esqueça: o bebê é um espelho.
Ele devolve a você a sua imagem.
A imagem da sua liberdade. Ou de suas tensões.
Para libertar o outro é necessário ser livre você mesmo.” (Frederick Leboyer)


sábado, 13 de outubro de 2012

RECEITA DOS BISCOITOS AMANTEIGADOS DA LAURINHA


Chame as crianças, lave as mãozinhas, coloque um avental, prenda o cabelo dos cabeludinhos e vamos nos divertir!
Fazer biscoitos em casa é divertido, educativo, barato, ajuda a sair da escravidão dos industrializados cheios de substâncias adicionais que fazem mal pra saúde e é muito recompensador pras crianças comer um biscoito feito por elas mesmas!

4 xícaras de farinha
2 xícaras de açúcar
2 ovos inteiros
300 grs. de margarina ou manteiga

Misture a farinha, açúcar e os ovos batidos. Acrescente a manteiga e mexa com as mãos, amassando bem até virar uma massa macia, tipo "massa podre". 
Abra a massa numa superfície lisa e limpa com um rolo de macarrão e corte os biscoitos com cortadores próprios (que vc encontra em grandes supermercados, casa pra doceiras e até no 1,99 - inclusive comprei os meus lá) ou use a boca de um copo ou xícara, dependendo do tamanho que quiser.
Leve ao forno médio pré-aquecido e retire quando estiverem dourados.
Espere esfriar e guarde em recipientes fechados. Esta receita rende 2 potes desses de sorvete de 2 litros até a boca!
Você pode acrescentar na massa: chocolate em pó ou picado, ameixas, passas, amendoim, raspas de laranja ou limão e o que mais inventar!
Pra enfeitar, o legal é colocar os confeitos ou a goiabada antes de assar pra eles fixarem melhor!

Quem fizer conta pra gente como foi! 

segunda-feira, 7 de março de 2011

O FILHO QUE NÃO VEIO (Sobre o que ninguém quer falar)



Há algumas semanas uma amiga minha perdeu seu bebê e depois foi uma vizinha, depois uma conhecida. Assim o assunto voltou a habitar meus sentimentos. 
Há quase meio ano atrás eu também perdi um bebê. Foi uma gravidez não planejada, mas muito desejada, já que o segundo filho é um sonho que temos acalentado. 
Agora sinto-me bem e a vontade para tocar no assunto, porém, não foi sempre assim. Falar sobre o filho que não veio, era pra mim um misto de dor, vergonha, raiva e frustração. Mesmo assim, falei, já que sei, por A + B que dor calada é aquela que adoece. Infelizmente, nem sempre encontramos todo o apoio que desejamos. Muita gente não quer lidar com este tipo de assunto, e por enquanto, não estou nem falando de quem perdeu. 
A notícia de perder um bebê, realmente causa reações incríveis e mais diversas nas pessoas. Alguns simplesmente se afastam, outros entram em pânico, outros ainda desdenham e alguns acolhem e se solidarizam. Acredito que a realidade tão próxima da perda alheia, levanta a possibilidade tão temida de que possa acontecer também consigo. Para outros que já passaram por esta triste experiência, talvez traga o sentimento de reviver sua própria dor.  
Minha amiga que perdeu o seu bebê recentemente, queixou-se de que as pessoas estavam desprezando sua dor, com frases do tipo: "Você está exagerando, nem tinha barriga ainda, está dramatizando..." 
Eu também senti um pouco deste preconceito. Muita gente perguntava: "De quantos meses?" e depois dava de ombros - "Ah, estava no comecinho". Como se o sentimento materno dependesse do tamanho de uma barriga ou ser reconhecida como mãe, dependesse efetivamente daquilo que você tem a apresentar para a sociedade. Talvez esta pouca importância para os sentimentos da mulher em relação a um aborto espontâneo, seja um legado do tempo em que era relativamente comum perder um bebê ou até um filho já grandinho. Do tempo em que mulheres engravidavam por volta 20 vezes, para enfim criar uns 10 filhos até a idade adulta. Me pergunto se estas mulheres também não sofriam pelos seus 10 filhos perdidos...
Ouvi muito também o "logo você engravida de novo", mas em um tom que mais que tentar consolar, quase me censurava por ter parado para sofrer por este. E assim, é delicadamente negado a mulher o direito de viver seu luto pelo filho (sim, filho!) perdido. Os estudiosos do assunto dizem que não há diferenças significativas no processo de luto de mães que perdem seus filhos no ventre, recém-nascidos ou já crescidos, embora a recuperação do 1º caso seja mais rápida do que os outros. 
Um aborto espontâneo, apesar de muito bem explicado pela ciência, como um acidente que faz parte das inúmeras probabilidades da natureza, emocionalmente é um evento estúpido e frustrante. Fora o trauma físico, a mãe, mais uma vez, dentro desta mentalidade psicanalítica que herdamos acaba sendo a depositária de toda a culpa. A mulher que perde um bebê, cria para os outros e para si mesma, um estigma de fracasso, justamente naquilo que ela tem de mais único e especial na sua feminilidade: a capacidade de gerar um filho. 
Talvez por isso, muitas mulheres se calam, ao passar por uma dor como esta. Na época, descobri mesmo este dado curioso: só depois de revelar minha perda, fiquei surpresa com a quantidade de conhecidas e parentes que já tinham passado por um aborto espontâneo, mas preferiram esconder. 
Acho que hoje entendo também porque muitas mulheres deixam para anunciar sua gravidez somente passadas as 12 primeiras semanas de maior risco. Caso algo dê errado, lidar com a própria dor já não é fácil, pior é ter que se tornar depositária de todas as projeções suscitadas no outro. Ah, o outro... 
Mas bem, apesar de ser um evento traumático, há como ser superado. Felizmente tive muito apoio emocional de meu marido e de alguns bons amigos. Também tive o privilégio de não ter acontecido em minha primeira gravidez, e assim, mais uma vez, minha filha foi meu porto seguro. O amor é sempre curativo. 
Não vou dizer que já não existe o temor de que aconteça de novo, mas posso afirmar que estou mais forte, mais sensível, mais conectada comigo mesma.
Pra você que conhece uma mulher que está passando por isso, entregue seu ombro, seu abraço, sua paciência e diga-lhe que está tudo bem, se ela estiver com raiva do mundo.
E pra você, minha amiga, que perdeu recentemente seu bebê, só quero lhe dizer duas coisas, baseadas na minha experiência: Permita-se sofrer, mesmo que os outros (ah, os outros...) não compreendam seu momento. Viva seu luto e elabore-o no seu tempo, você sairá deste processo mais forte e mais madura pra recomeçar. E não se desacredite como geradora de vida por isso. Nós mulheres, com filho ou sem, fomos, somos e sempre seremos, muito mais fecundas do que podemos acreditar!



Abaixo, publico uma carta muito pessoal que escrevi como desabafo e contém muitos dos sentimentos que guardava na época. Ao final dela, porém, recebi um surpreendente resposta que incorporei ao texto. Obrigada a essa Vida Superior que nos move!



CARTA AO FILHO QUE NÃO VEIO

A hora não era a melhor, mesmo assim, recebi-te filho amado
Como recebo todas as bênçãos do Pai
enternecida e com o coração aos saltos
Envolvi-te de amor, cantigas e carícias sobre a barriga que era tua casa
Teci sonhos, planos e dei-te um nome ou dois
Tu me trouxeste luz e esperanças de renovação
Porém, quis o Senhor que essa jóia que eu guardava, fosse em breve devolvida
Angustiei-me e vi minha paz manchar-se de sangue
Tentei de todas as maneiras manter-te junto a mim
Lutei, pedi e esperei que tu ainda crescesses um pouco mais aqui dentro
Os dias se passaram sem que obtivesse respostas,
se te agarravas ainda a esta vida ou se já resolvia partir
Quando esperava ansiosamente ouvir teu coração pela primeira vez, ao invés disso descobri que já não estavas mais dentro de mim
Com o ventre vazio e a alma dilacerada, demorei-me ainda a dobrar roupinhas pra ti ou a pensar na decoração do teu quartinho
Até que lembravas a dura realidade, de que tu agora não virias
Bobagem! Me disseram. Outro logo virá
Bobagem! Me disseram. Nem conheceu-lhe o rosto.
Bobagem! Me disseram. Por que choras ainda?
Mas Deus que sabe, que uma mãe o é desde a primeira hora, permitiu-me ouvir de ti
                        "Mãe, ainda não estava preparado
                         Volto ao Criador para que me lapides, 
                         qual jóia bruta que ainda sou
                         E em breve mãe, retorno para os braços teus
                        Com os olhos brilhantes, para encher teus dias de luz 
                        e crescer junto a esta família 
                       que escolhi e que me escolheu. 
                       Teu filho."

domingo, 20 de fevereiro de 2011

SHANTALA - Massagem em bebês


Agora que minha filha está com 2 anos, resolvi retomar a prática da Shantala que eu havia abandonado há 1 ano, mais ou menos, pela pura falta de disciplina. Neste tempo, até apliquei a Shantala, mas na correria, apenas esporadicamente. 
Conheci esta técnica - que na minha opinião é mais do que isso, pois trata-se de uma filosofia de relacionamento pais e filhos -  em 2001 quando fiz um curso em São Paulo pelo Departamento de Psicologia da universidade em que estudava então. O curso era quesito obrigatório para participar de um projeto que utilizaria a Shantala para aproximar mães de seus bebês com Síndrome de Down, mães estas, que estavam encontrando dificuldades em aceitar a aparência física do bebê e por isso não conseguiam uma interação satisfatória com este. Mães de primeira viagem ou que possuam bebês com algum problema de saúde, também podem sentir receio em manusear a criança com medo de machucá-la, e encontram na Shantala uma aliada para vencer suas barreiras. 
Se você está "boiando" no assunto, saiba que Shantala é um tipo de massagem indiana milenar.  Na Índia esta massagem é passada de mãe para filha e é praticada naturalmente, ao ar livre e em casa, fazendo parte da maternagem tanto quanto a amamentação e outros cuidados com o bebê. O médico Frederick Leboyer (aquele mesmo, do parto na água, o "nascer sorrindo") em uma de suas viagens a este país, viu na rua, sentada no chão, uma linda jovem, paralítica, que massageava um também lindo bebê, calmo e gordinho, apesar da miséria do ambiente. Fotografou, filmou, aprendeu e trouxe a massagem para o ocidente, onde ele a batizou com o nome da jovem: Shantala.




Eu fazia os exercícios em uma boneca, tipo "meu bebê", que eu pegava emprestado da minha irmã na época e que hoje pertence a minha filha. Achei a experiência tão interessante e conhecendo os benefícios da Shantala (estreitamento da relação mãe-filho, diminuição do stress de ambos, desenvolvimento da coordenação motora, visual e consciência corporal do bebê, diminuição de cólicas e problemas respiratórios, aumento de apetite, de qualidade do sono, diminuição de possibilidade de violência contra a criança - bater, por exemplo - entre outros tantos), prometi que no dia em que fosse mãe, beneficiaria meu filho/a e a mim com esta massagem.
Pois bem, o tempo passou e quando minha filha estava com 2 meses, iniciei a Shantala. Não preciso nem dizer o quanto ela adorou (e adora!), ficava quietinha e foi um bebê muito calmo, que sorria para todos e conversava comigo pelo olhar. Tirando as peculiaridades da idade, ela ainda é assim, e acredito que a Shantala tenha contribuído para isso e também para seu rápido desenvolvimento, pois iniciou sua dentição aos 3 meses, com o mínimo de sofrimento, introduzi os alimentos sólidos aos 5 meses, que foram todos muito bem aceitos (batia um pratão!), falou sua primeira palavra com sentido aos 7 meses, mamou no peito até 1 ano e abandonou sozinha sem dramas. Hoje ela fala de tudo, não usa fraldas nem toma mamadeira. É claro que todo este desenvolvimento também se deve a outros fatores, genéticos, ambientais, escolares e muito mais, porém, existem inúmeros estudos científicos que comprovam o papel da Shantala no adequado (e tranquilo) desenvolvimento infantil. 
Para quem gostaria de experimentar em seu filho, recomenda-se iniciá-la a partir de 1 mês, mas ouvi dizer que já há estudos comprovando a eficácia da Shantala também em prematuros ainda na maternidade. A Shantala é um delicioso momento só seu e de seu filho, para conhecerem-se olhando nos olhos, além de palavras. Você vai precisar de um ambiente calmo, aquecido e silencioso, ou com música relaxante, óleo para bebês ou amêndoas (se bem que hoje como minha filha não toma mais banho em banheira - que é a parte final da massagem, faço depois do banho com creme hidratante infantil pra chamar o soninho). Sente-se no chão, colchonete ou cama, estenda no colo uma toalha, fralda ou lençol (no relaxamento, um xixi pode ocorrer) e deite seu bebê sobre ele, de frente para você. Converse calmamente com ele, cante uma canção de ninar, ou simplesmente sorria. Não tem idade máxima para começar, na Índia as mães costumam massagear os filhos até uns 15 anos, ou até que se casem (impensável pra nossa cultura, do "ai, mãe! que mico!", não é?) Mas se você tem um danadinho de 5 anos que nunca recebeu massagem, tente, e tenho certeza de que ele vai gostar. 
Procurei na web algum vídeo que mostrasse a vocês como se faz, com mais explicações, além daquele original de Shantala com seu filho Gopal, e encontrei inúmeros, mas resolvi postar (além dos links que vocês encontram por todo o texto) esta reportagem que a Ana Maria Braga fez no seu programa com um discípulo de Leboyer que trouxe a Shantala para o Brasil. Achei bem completa e fala sobre muitas coisas que queria lhes dizer sobre esta massagem. 
Ah, os papais também podem (e devem!) fazer! Meu marido aprendeu e quando ele aplica, minha filha a-do-ra!



IMPORTANTE: 
NÃO faça a massagem se a criança estiver doente, com febre, dor, fome ou chorando.
A criança precisa associar a Shantala a um momento de prazer e relaxamento.
Faça até a idade em que a criança quiser ser massageada, sem forçar.

“Sim, os bebês tem necessidade de leite,
 Mas muito mais de serem amados e receberem carinho
 Serem levados, embalados, acariciados, pegos e massageados”
LEBOYER


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

VOLTA ÀS AULAS


Nesta semana, tivemos o 1º dia de aula do 2º ano de creche da minha filha.
Eu sou uma defensora da escola, porque também fui professora (de educação infantil) e sei que é essencial para o desenvolvimento das crianças que tenham convívio social com outras, outros adultos e a escola é ideal pra isso, já que coloca uma rotina, estimula, faz pensar, ensina bons hábitos, novas experiências e aprendizado formal. Além do que, hoje em dia, pouquíssimas mães tem o privilégio de poderem ficar em casa só cuidando dos filhos (e muitas apesar de poderem, não querem, porque também nos dá prazer ter nossa própria carreira). A maioria precisa trabalhar e as creches e escolinhas são a opção da maioria de nós. Tudo muito simples no plano do racional, não é?
Então, por que "raios" é tão difícil pra gente essa rotina?

Minha filha se adaptou super bem na creche, sei que é bem cuidada (e sei disso porque acompanho as atividades pedagógicas, estou sempre de olho no seu comportamento em relação a escola e como diz uma amiga minha: "Toda mãe, mesmo que diga que é neurose, secretamente examina o corpinho de seu filho no banho, pra ver se não há nenhum machucado ou hematoma"). 
Ela adora a creche, pediu pra ir várias vezes durante as férias! Eu mesma, apesar de ter adorado ficar com ela em casa neste mês, estava ansiando pela volta às aulas pra poder ter liberdade de cuidar das minhas coisas sem ter que carregá-la a tiracolo.



Então, o 1º dia de aula do 2º ano de creche da minha filha, deveria ser um dia normal. Achei que sim. Mas na véspera, ela ficou acordada até de madrugada e nós também. Assim, acordamos atrasados, tivemos que trocá-la dormindo às pressas, e por isso não pude acompanhá-la até a escola. Meu marido foi sozinho levá-la de carro, e eu estranhamente fiquei angustiada com isso. Nem 10 minutos depois que saiu, já corri pro telefone e liguei pra ele pra saber como ela ficou. Chorou? Estranhou a nova professora? Se alegrou ao ver os amiguinhos? Você avisou que ela não dormiu bem a noite? Que ela ainda não fez xixi? Você disse a ela que nossa filha está em jejum? Você disse a ela que há 2 trocas de roupa na bolsa? Você disse a ela... Você disse...
Apertando a tecla SAP dos meus sentimentos, acho que eu estava na verdade querendo dizer o seguinte:
Você disse a ela que aquele precioso fardo adormecido que você lhe entregava nos braços, é toda a minha razão de viver? Você disse a ela que entre todas as crianças que ela cuida, esta é a mais bonita e que seus olhos foram criados por um artista talentoso de mangás? E que também, ela é a mais inteligente de todo o planeta, que sabe contar até 10, conhece as vogais, a inicial do nome, sabe imitar um sapo e que, apesar de falar baixo e pouco em público, é uma tagarela e canta e dança todas as músicas da Galinha Pintadinha e XSPB? Que ela tem um cheirinho bom, mesmo quando está banhada em suor? Você disse a ela que eu morro de medo de que por trás do sorriso amável da professora, se esconda um destes monstros que vejo em reportagens lamentáveis na TV, machucando, humilhando e abusando de crianças dentro de escolas respeitáveis? Você disse a ela o quanto me dói pensar que em algum momento do dia ela cairá, e eu não estarei lá para ampará-la? Você disse que eu tenho medo que ela não sinta tanto a minha falta, quanto eu sinto a dela? E que tenho medo também de que ela sinta tanto a minha falta, quanto eu sinto a dela, e sofra por isso? Avisou que tenho medo que a professora não mostre a ela o quanto é especial? E que mostrando, faça seus olhos brilharem mais pra ela do que brilham pra mim? Você disse a ela?

Cuidei de meus afazeres e o dia passou mais lento e silencioso do que de costume. Ao final, fui buscá-la ansiosa e a encontrei inteira, sã e salva, suada mas com roupa limpa, sorridente e de braços abertos dizendo: "É a mamãe!!!". Soube que comeu bem, dormiu bem, se divertiu, aprendeu coisas novas. Os amigos despediram-se afetuosamente e todos sabiam seu nome. Para coroar o momento, a professora acrescentou: "Sua filha é muito meiga e delicada".
Voltei com ela apertada no meu abraço, um sorriso no olhar e pensando, que às vezes até que é bom emprestá-la um pouco àquele que é o seu verdadeiro dono: o mundo.

Pra terminar, quero compartilhar esta linda animação com a música O Caderno de Toquinho. Se você ouvir a música e imaginar que ao invés do caderno, as palavras desta letra são ditas pelos pais, então irão realmente me entender...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

SER MÃE

Já que vamos falar de maternidade e outras "cositas" mais, para meu 1º post resolvi resgatar este do meu antigo blog (que eu perdi a senha e tive que abandonar...) Quem curtir dá um grito!




Desde que me entendo por gente, sempre quis ser mãe.
Mesmo quando “mãe” ainda era um conceito muito material de proteção e abrigo, mesmo quando essa palavra representava ser o mundo todo, para uma boneca que não tinha vida, senão através do meu poder de imaginação.
Hoje vejo, que não é muito diferente do que eu pensava. Sou mesmo, um conceito muito material e concreto para minha filha: para ela, eu sou o colo, o leite, o aconchego, o abrigo, a proteção, o sorriso e o amor.
Sou o seu mundo, que se expande, tanto quanto suas pupilas negras e luminosas, quando começo a cantar, e minha voz ressoa pelo corredor de casa, pelo corredor de seu olhar atento.
E ela, é a vida que nasceu do meu desejo, de todas as minhas imaginações.
Desde quando eu batizava as bonecas e escolhia seus nomes com cuidado, era a idéia maravilhosa de uma filha em semente, que eu batizava.
Desde quando prometi que quando crescesse, não importava quão adulta e ocupada eu ficasse, brincaria de Barbie com minha filha (com aquela Barbie que minha mãe nunca pode me comprar).
E assim minha filha foi sendo gerada, em todas as vezes em que me aborrecia com minha mãe, e pensava: “quando tiver minha filha, nunca vou fazer isto”. Em todas as vezes em que via despretensiosa, sentada no shopping, uma frágil mulher, que ao grito de “mãe”, metamorfoseava-se subitamente, em uma heroína poderosa, para aquele pequenino ser que a chamava.
Era esse o poder que eu almejava. Da leoa, que salta na frente da fera, pra defender o filhote.
É ela quem ruge dentro de mim, quando instintivamente, abraço minha filha de encontro ao peito, ao ouvir um estrondo, na esperança inconsciente de que, caso um desastre – as mães sempre antecedendo os desastres – meu corpo possa ser sacrificado em troca do seu, tão frágil.
É essa leoa, que sai correndo do compromisso, antes mesmo que ele termine, pra evitar que no desespero, a mamadeira nos prive – mãe e filha – de sermos uma só.
E aí, é o peito, o leite morno, o colo macio, a fala mansa, o olho no olho, é o sorriso de dois dentinhos com "bigode" branco, é o renascer, o momento mágico do médico dizendo: “sua filha nasceu”, mais e mais uma vez.
Sempre me disseram, que ser mãe não era fácil. Eu concordo. Pois uma mãe, vivencia, ao longo de sua jornada materna, todas as dores físicas que podem existir, mais as dores do espírito feminino, do medo, da dúvida, da insegurança, da saudade, da separação. Mas ninguém nunca havia me dito, que cada dor é recompensada, i-men-sa-men-te, de uma forma, tão simples e tão grandiosa... que me perdoem, mas só as mães poderão me compreender aqui, neste trecho.
É o mistério, que a gente não sabe explicar, como aquele cheirinho de bebê que te acompanha, ao longo do dia, como alucinação olfativa (que cheirinho incrível é aquele, por que os filhos de outras mães, não tem um cheiro como este?!), mesmo na aula, no trabalho, na distância, nos caminhos desconhecidos, nos abismos de minha alma... enquanto eu não me perder desse cheiro, nunca me perderei da Vida!