sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

VOLTA ÀS AULAS


Nesta semana, tivemos o 1º dia de aula do 2º ano de creche da minha filha.
Eu sou uma defensora da escola, porque também fui professora (de educação infantil) e sei que é essencial para o desenvolvimento das crianças que tenham convívio social com outras, outros adultos e a escola é ideal pra isso, já que coloca uma rotina, estimula, faz pensar, ensina bons hábitos, novas experiências e aprendizado formal. Além do que, hoje em dia, pouquíssimas mães tem o privilégio de poderem ficar em casa só cuidando dos filhos (e muitas apesar de poderem, não querem, porque também nos dá prazer ter nossa própria carreira). A maioria precisa trabalhar e as creches e escolinhas são a opção da maioria de nós. Tudo muito simples no plano do racional, não é?
Então, por que "raios" é tão difícil pra gente essa rotina?

Minha filha se adaptou super bem na creche, sei que é bem cuidada (e sei disso porque acompanho as atividades pedagógicas, estou sempre de olho no seu comportamento em relação a escola e como diz uma amiga minha: "Toda mãe, mesmo que diga que é neurose, secretamente examina o corpinho de seu filho no banho, pra ver se não há nenhum machucado ou hematoma"). 
Ela adora a creche, pediu pra ir várias vezes durante as férias! Eu mesma, apesar de ter adorado ficar com ela em casa neste mês, estava ansiando pela volta às aulas pra poder ter liberdade de cuidar das minhas coisas sem ter que carregá-la a tiracolo.



Então, o 1º dia de aula do 2º ano de creche da minha filha, deveria ser um dia normal. Achei que sim. Mas na véspera, ela ficou acordada até de madrugada e nós também. Assim, acordamos atrasados, tivemos que trocá-la dormindo às pressas, e por isso não pude acompanhá-la até a escola. Meu marido foi sozinho levá-la de carro, e eu estranhamente fiquei angustiada com isso. Nem 10 minutos depois que saiu, já corri pro telefone e liguei pra ele pra saber como ela ficou. Chorou? Estranhou a nova professora? Se alegrou ao ver os amiguinhos? Você avisou que ela não dormiu bem a noite? Que ela ainda não fez xixi? Você disse a ela que nossa filha está em jejum? Você disse a ela que há 2 trocas de roupa na bolsa? Você disse a ela... Você disse...
Apertando a tecla SAP dos meus sentimentos, acho que eu estava na verdade querendo dizer o seguinte:
Você disse a ela que aquele precioso fardo adormecido que você lhe entregava nos braços, é toda a minha razão de viver? Você disse a ela que entre todas as crianças que ela cuida, esta é a mais bonita e que seus olhos foram criados por um artista talentoso de mangás? E que também, ela é a mais inteligente de todo o planeta, que sabe contar até 10, conhece as vogais, a inicial do nome, sabe imitar um sapo e que, apesar de falar baixo e pouco em público, é uma tagarela e canta e dança todas as músicas da Galinha Pintadinha e XSPB? Que ela tem um cheirinho bom, mesmo quando está banhada em suor? Você disse a ela que eu morro de medo de que por trás do sorriso amável da professora, se esconda um destes monstros que vejo em reportagens lamentáveis na TV, machucando, humilhando e abusando de crianças dentro de escolas respeitáveis? Você disse a ela o quanto me dói pensar que em algum momento do dia ela cairá, e eu não estarei lá para ampará-la? Você disse que eu tenho medo que ela não sinta tanto a minha falta, quanto eu sinto a dela? E que tenho medo também de que ela sinta tanto a minha falta, quanto eu sinto a dela, e sofra por isso? Avisou que tenho medo que a professora não mostre a ela o quanto é especial? E que mostrando, faça seus olhos brilharem mais pra ela do que brilham pra mim? Você disse a ela?

Cuidei de meus afazeres e o dia passou mais lento e silencioso do que de costume. Ao final, fui buscá-la ansiosa e a encontrei inteira, sã e salva, suada mas com roupa limpa, sorridente e de braços abertos dizendo: "É a mamãe!!!". Soube que comeu bem, dormiu bem, se divertiu, aprendeu coisas novas. Os amigos despediram-se afetuosamente e todos sabiam seu nome. Para coroar o momento, a professora acrescentou: "Sua filha é muito meiga e delicada".
Voltei com ela apertada no meu abraço, um sorriso no olhar e pensando, que às vezes até que é bom emprestá-la um pouco àquele que é o seu verdadeiro dono: o mundo.

Pra terminar, quero compartilhar esta linda animação com a música O Caderno de Toquinho. Se você ouvir a música e imaginar que ao invés do caderno, as palavras desta letra são ditas pelos pais, então irão realmente me entender...

2 comentários:

  1. Nossa, amiga....
    Chorei ao ler o seu texto.
    Exprime tanto amor que dói até em mim que não tenho filhos.
    Não sou mãe, mas o seu texto e a mãe que eu tive, me dão a certeza que ao dar a luz, todas as mães colocam o próprio coração pra fora do corpo.
    Parabéns!!! Pela texto e pela mãe deicada que vc é!
    Bjs.

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  2. Obrigada Xuxu!
    Vc ainda não é mãe, mas já tem a maternidade dentro de vc, este sentimento que faz com que vc nutra as pessoas ao seu redor com o seu melhor! Bjos!

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